A ESPERA DO AMOR
 
Passam as nuvens na amplidão dos ares,
toldando os lumes dos raios do sol,
passam os ventos vindo dos mares,
dos meus cabelos fazem caracol.
 
Ouço no espaço a melodia lenta,
tosca e cinzenta me parece ser,
é o marulhar de mil pensamentos,
que num momento me fazem sofrer.
 
Trêmula mão deslizando como
águia fugaz a cortar os ares
e a poesia que se vai formando,
vai revelando todos meus penares.
 
Seja meu sonho apenas tolice,
só uma utopia de felicidade,
murmuro hoje nestes meus delírios,
entre suspiros que sinto saudade.
 
Entre delícias de um porvir ditoso,
no sumo gozo hei de relembrar,
tantas torturas que passei chorando
e tantos sonhos sem realizar.
 
Ai! Esses sons de vida venturosa,
é voz melosa a me embriagar...
Ó luz do astro que fulge no espaço,
traz aos meus braços quem vivo a amar.


(imagem do google)