Por entre os dedos Amor…
 
No espaço, longo ou breve traço,
Decalcado, livre ou carregado no regaço,
Desenho-te, vezes sem conta nas nuvens que passam
Sob o alto da minha testa, fervilhante imaginação
Dispo-te no azul celeste,
Orquestra de andorinhas em movimento,
Perco o tino, juízo, sonho acordado,
Vivo memória, ontem, hoje passado
Amanhã, hoje ainda, sei-me por ti desejado,
Corro apresado, nas minha dúvidas
Os raios da aurora, desvirginam madrugadas,
No calor do desejo, escolho-te, entre muitas, entre todas
Na certeza que me acerca, desmente e concreta
Meus lábios sangram, gretados pela sede que os condena
Essa sede que me mata, que tanto me eleva
Sede dos teus beijos, do licor dos teus desejos
No palco da felicidade, sonho-te no reflexo
Das mãos que seguram a água,
Que volátil, como o sonho, o Amor,
Constantemente me escorrem por entre os dedos
Esperando que os teus dedos, as tuas mãos
Os firmem, a cada dia de novo!

 
 
 
Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 24/06/2016
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