Paixão por ela, amor ao passado.
Quanto ao meu fascínio,
Eu sei o porquê dele.
Não é por causa do seu jeito,
Da sua voz, dos seus olhos (ahhhh os seus olhos...), da sua pele.
Nem por algo novo e incompreensível
Que eu poderia chamar de amor.
O meu fascínio existe por algo mais racional.
Por ela representar um outro ciclo da minha vida.
Um em que, apesar de existir angústia e solidão,
Eu ainda podia sentir algo.
Deixar me envolver por algum momento feliz.
Esquecer, por alguns instantes, o resto.
O resto que me sufocava, me torturava.
Me aniquilava aos poucos.
Apenas ao olhar para ela,
Ali, naquele momento, eu estava em paz.
É só disso que me recordo.
Se as coisas que sucederam tivessem sido diferentes,
Talvez o meu sentimento também seria diferente.
Talvez ela me atraísse,
Mas não pelas lembranças de um tempo remoto.
Mas sim pelo seu jeito.
Pela sua voz.
Pela sua pele.
E só. Como deveria ser.
Mas a realidade é outra:
Ela está presa em mim.
E o que posso fazer?
Nada, até esse sentimento desaparecer.
E se algo eu fizesse, poderia ela me salvar agora?
Se eu tentasse e descobrisse que não,
E então, o que seria?
O meu único refúgio de esperança desapareceria.
Mas admito, se pudesse fazer, faria.
As consequências não me amedrontam mais
Do que, hoje, é meu mundo, dia após dia.