O SAGRADO E O PROFANO

Não quero parecer a flor mais recatada deste jardim,

Não porque eu não possa ser,

Mas é que entre o sagrado e o profano,

Não gostei do meio termo.

Sujo os meus lábios enquanto devoro um chocolate,

E depois sem me limpar te alimento com o doce do meu beijo,

Quer me ver brilhar como estrelas, também sei sentar à mesa,

Como eu disse, dois pra lá, dois pra cá, vou dosando meus anseios.

Com meus pés no chão, consigo virar seu mundo inteiro,

Entretanto, não estou protegido, nem quero estar, então faça o mesmo,

Não tente segurar o tempo entre nós, ele sempre escapará,

Então deixe o relógio de lado, vamos construir os nossos momentos.

Ouviremos latinos nas nossas noites sorridentes,

Tentarão nos acusar de um crime chamado alegria,

Querido, os cachorros que latem estão presos,

E somente podem latir atrás do portão, impedidos de viver.

Quero ser o santo que te guia certo,

E o profano que nas madrugas faz o seu chão tremer,

Cantarei para você, minha plateia que basta,

E alcançaremos equilíbrio em nossa oferta de amor e demanda de desejo.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 21/06/2016
Código do texto: T5674488
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