Foz (Meus Braços, Tua Foz)
Foz
(Meus Braços, Tua Foz)
Caminhamos, de mãos dadas,
pela margem sinuosa do rio,
submersos pela vegetação
densa na escarpa do monte.
Pousas o rosto em meu peito
e ofertas-me os teus lábios
sedentos de meus beijos
ávidos do teu sabor de mel.
Nossos corpos alvos
e desnudos se enlaçam,
se tocam, se excitam...
Nossos braços se acorrentam
negando a libertação do momento.
Nossos olhos se cerram ao encanto
do canto dos pássaros e às cores
da paisagem e ao murmúrio do rio.
Tudo existe, mas nada nos perturba...
E ruímos no leito, de pedra e areia,
húmido da manhã de orvalhadas.
Enciúmo teus lábios, beijando-te
a face, as mãos, os seios, o ventre,
as coxas em convulsão, as costas,
forçando-os a gemer de prazer.
Minhas mãos tacteiam a escultura
de teu corpo em lava eruptiva.
O tempo segue o seu rumo imparável,
mas nós temos todo este momento
de esquecimento; só a doação de ambos
marca os ritmos orgânicos essenciais.
Rolamos no leito duro, insensíveis à dor,
imergimos na água gélida e vogamos
na forte corrente das cascatas rugindo,
seguimos a nupcialidade de outro leito.
No repouso, sobre meu dorso lanças
odorosas flores silvestres em chuva,
e deitas-te leve numa invertida junção;
sou teu leito que te envolve acariciador!
E a natureza nos apela, gentil,
aos tesouros que encerra
e lança-nos na descoberta
de outros leitos de amor.
E numa lagoa mais distante,
meus braços, amor, são a tua foz.
Vem célere, minha ninfa amada!
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