LIBERDADE DE EXPRESSÃO
(Por Aglaure Martins)
Debruçada na janela [do ontem]
miro-te a balouçar distante
no cais do horizonte.
Teço nuvem fio a fio
rede de pescar ilusão
q' atirada lá do monte
pesca apenas solidão.
Vestida de meia lua
sentada na estrada do sonho
nua em verso reverso
soprando partes do que componho
me disponho sem oposição
ao sopro que me proponho
estrela candente em implosão
no céu em ebulição
das noites ensolaradas
embaladas em delírios
de murmúrios risonhos.
Suponho que os instantes
vividos [de nós em nós ]
foram lira das palavras
melodia dos sussurros
acordes de brisa e tempestade
de almas e corpos desnudos
instrumentos líricos transcendentes
do universo atado[de nós em nós]
q' expressaram o nosso mundo mudo.
Debruçada na janela [do hoje]
vejo-te ainda mais distante.
Vestida de lua cheia, plena da razão
deixo-te em livre voo
p'ra viver crua emoção.
Suponho que todos os instantes
vividos[de nós em nós]
harmoniosamente serão livres
e livres também voarão.