Folhas de Outono
Folhas de Outono
Caem, esmorecidas,
folhas de Outono
sobre ti deitada
no prado fluvial.
São folhas tardias
lançadas ao vento
na saudade do adeus
em fronteira fechada.
Folhas ensanguentadas
sem lágrimas de seiva
amortalhadas na dor
ousam beijar-te os pés.
São lábios ressequidos,
Meus, flutuando inertes
sobre teu ventre prenho
de esperanças primaveris.
Eis que meu Inverno arriba
no uivar do vento inquieto
que te desgrenha os cabelos
negros em face dócil e alva.
Morro de lamentos emudecidos
sem cruas lágrimas insensatas,
negadas de tristeza sem fim
da separação eminente de nós.
Caem folhas amarelecidas
ali no teu leito de maternidade,
mas minha mortalha eterna
cravada no chão espezinhado.
Porém, fica a certeza crua
que risos infantis estivais
ecoarão na floresta efusiva
clamando por ti: "Mamã!"
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