Folhas de Outono

Folhas de Outono

Caem, esmorecidas,

folhas de Outono

sobre ti deitada

no prado fluvial.

São folhas tardias

lançadas ao vento

na saudade do adeus

em fronteira fechada.

Folhas ensanguentadas

sem lágrimas de seiva

amortalhadas na dor

ousam beijar-te os pés.

São lábios ressequidos,

Meus, flutuando inertes

sobre teu ventre prenho

de esperanças primaveris.

Eis que meu Inverno arriba

no uivar do vento inquieto

que te desgrenha os cabelos

negros em face dócil e alva.

Morro de lamentos emudecidos

sem cruas lágrimas insensatas,

negadas de tristeza sem fim

da separação eminente de nós.

Caem folhas amarelecidas

ali no teu leito de maternidade,

mas minha mortalha eterna

cravada no chão espezinhado.

Porém, fica a certeza crua

que risos infantis estivais

ecoarão na floresta efusiva

clamando por ti: "Mamã!"

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 19/06/2016
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