História de um amor
 
De uma favela, sou cria,
Vivi na periferia,
Igual a muitos que vejo.
Sem ser pior nem melhor,
Sou filho de lavadeira,
Joguei bola na ladeira,
Aprendi com a vida a viver...
Com minha pele mulata,
Revirei lixo, sucata,
Estudei para ler e escrever.
Viajei nas minhas leituras,
Conheci as criaturas,
Todas, filhas de Deus.
Um dia, fui ser feirante,
E tinha voz bem possante,
Para chamar o meu freguês.
Convocava a freguesia,
Brincando com poesia,
Para meu peixe, vender:
- Mulher bonita não paga,
Feia, é pior que praga,
Mas se não pagar, não leva!
Recitando, ganhava dinheiro,
E corria o mundo inteiro,
Nos sonhos que eu sonhava...
Com ela, eu sonhei tanto,
Que um dia, por encanto,
Vi, como era ela...
Toda linda, muito bela,
E pelo seu rebolado,
Eu fiquei apaixonado!