Nossa primeira vez
Você chegou de mansinho,
Como um caçador aproximando da caça
Com jeito de quem sabe o que quer,
Deixando-me sem graça!
Puxou a cadeira e sentou-se,
Sem me dar tempo de retrucar.
Pediu a sua cerveja,
E começou a falar.
Meus olhos demonstraram
O quanto eu estava assustada!
Estava surpresa e acuada,
Mas também muito intrigada.
Passado o momento em que fiquei perplexa,
Abri devagar minha boca para reagir,
Mas antes sequer do meu primeiro sussurro,
Você me pergunta: “Oi, com licença, posso me sentar?”
Novamente sem ação, não soube como agir.
Mas o inebriante efeito da surpresa,
Que instigava os meus instintos a não recusar.
Fez com que, ao invés de brigar,
Com um doce sorriso lhe brindar.
Parecia que estava escrito,
Que aquele seria nosso primeiro encontro,
Nossa primeira noite,
Nossa primeira vez.
E você me faria feliz, como ninguém jamais fez!
De repente a realidade me tocou,
Com a voz aparentemente calma lhe faço um pedido:
“Desculpe-me, mas espero alguém.”
Você me responde, sem se sentir ofendido:
“Não se preocupe, quero apenas saber o seu nome e telefone,
Embora considere um desperdício,
Você sozinha, esperando quem não vem.”
Por um instante franzi minha testa,
Estava em dúvida qual o tratamento que devia lhe dar.
Olhei direto nos seus olhos, querendo parecer zangada.
Mas novamente um sorriso aflorou dos meus lábios,
Não queria mais vê-lo se levantar.
No entanto, você também sorriu
E com o olho piscou, brincando com o meu embaraço.
Nem esperou meu nome e telefone,
Com passos decididos partiu,
E uma doce lembrança se tornou.
Quem será você?
Esta pergunta sempre me intrigou!
(baseado num poema de Poeta Paulo Gomes)