Frutos

Que do caule não caia a folha verde
Que do vento não precisa de favor
Que se renda ao chão a folha seca
Que se diga foi o vento que levou

Que a árvore das palavras não caia
Que os galhos sejam como braços
Que o tronco seja o corpo provedor
Que a raiz seja elo eterno profundo...

Como profundo é do poeta o amor
Como a chuva rega o solo promissor
Não deixe morrer de sede a semente
No vaso frágil que tão esquecida ficou

Plante a vida do grão fecundado e só 
Plante nele juras palavras por palavras
Para que no cio das águas no coração
Possa colher os frutos em cada estação.