Limerência
Quando o adeus é uma funesta deixa
Qual a morte lhe parece tão íntima
É sensação de que tudo é coisa ínfima
Pois dor honesta se torna queixa.
É a certeza de que fica-se inquieto
Que nada da pessoa lhe é abjeto
Visto que a relevância é tão plena
Tal qual a cura nos olhos se amena.
O medievalismo e a sua santidade
A briga constante com a realidade
O desamparo desse universo vulgar
Me fez criar um paracosmo peculiar.
Vejo a angelical concupiscência
Deflagrada entre sorrisos e olhares
No silêncio dos silêncios em jantares
E jamais desembarquei da limerência.