DE COMUM ACORDO
Joga sobre mim
o peso dos teus contornos.
Fere- me com teus dentes
e me faça teu.
Desata a minha censura,
satura os meus remendos
com as linhas suaves dos teus lábios.
Me purifique com o limo grosso
da tua beleza.
Somos mistura do mesmo barro.
Somos silhueta de uma única sombra.
Sobrevivemos do amor líquido,
absoluto
e necessário.
Nosso incêndio sem enigmas
arde devagar
e não sufoca a nossa vertigem.
Respiramos o mesmo odor
de amor rasgando a madrugada,
definitivamente impregnado
de poemas de meios tons.