MEU EU POÉTICO
 
Ah, meu eu poético.
Os óculos leem
Através do cristal
Que os olhos não veem
 
Reparo nos verdes essenciais
E nas filigranas das emoções vertidas
Os rastros soltos das visões finais
Que tateiam ilusões sortidas.
 
Reparo nos traços quase irreais
Variações incertas reveladas
Como andejo descalço fractais
Dos braços contrastes de cenas caladas.
 
Ah, meu eu poético.
Os óculos leem
Através do cristal
Que os olhos não veem
 
Reparo tua presença tão intensa
Que fico em transe com o pincel
Por entre os dedos de forma imensa
Que chego a ver-te na tela do papel.
 
Reparo na força do que me domina
Que estou alvejado por tua beleza
Onde a mística completa a grandeza
O exprimir da tua alma feminina.
 
Ah, meu eu poético.
Os óculos leem
Através do cristal
Que os olhos não veem
 
Reparo de se erguer da poeira à neblina
                                                     O tempo em véu opaco retornando
Qual fragmento de nós mesmos buscando
A leveza que flutua da poética que ensina.
 
Que agora, meus olhos veem
Através do cristal
Que os óculos não veem
Este meu eu poético.
 

Luciano Azevedo.

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LUCIANO AZEVEDO
Enviado por LUCIANO AZEVEDO em 31/05/2016
Código do texto: T5653025
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