MOMENTO AO CELULAR
O tempo fechou lá fora
A escuridão domina os céus
Numa tarde qualquer de verão
A cidade continua imóvel
Trovões ainda não se manifestaram
Estou ao celular por alguns minutos
Falo com meu amor distante
Corro pra fechar as janelas
A chuva cai repentina nos telhados
Sinto o cheiro inconfundível dela na terra quente
Sensação agradável que lembra os tempos de criança
Ao longe alguns raios se manifestam impávidos
Continuo ao celular e narro algumas situações
Os ventos agora conduzem a chuva para mais longe
Folhas se soltam e alguns galhos se quebram
Meu amor chama do outro lado pelo celular
Expõe desejos realizados no ultimo encontro
A chuva embora branda mostra-se arrogante
Quero apreciar a natureza
Meu amor reclama por atenção
Volto ao quarto e ao deitar suavizo a voz
Falo baixinho demonstrando carinho
Ela escuta com atenção e desejo
Relembro minuciosamente da ultima vez
Ela retribui com som de uma voz de mulher amadurecida
Desvendando caminhos de desordem na pele enfurecida
Tento controlar minhas emoções e não consigo
Acompanho tenaz a voz e o furor da amante desvairada
Sob a chuva miúda reflito inerte e soberbo o momento desse amor