CANTO DA CONTRADIÇÃO DE AMAR
Se não for sublime,
Do que vale o ato,
Num curto espaço,
Os corpos cansados,
Satisfação não ter.
Se não for suave,
Nos dará o peso,
Desses corpos presos,
À vis segredos,
A revelar sofrer.
Se este for o preço,
Pago sem engano,
A alma em ato insano,
Nesse salto estranho,
Deixo-me prender.
Pode ser sombrio,
Se entregar inteiro,
Com gesto sorrateiro,
Desse amor matreiro,
Como forma de sobreviver.
Mas me entregar assim,
Falará por mim,
E se vier o fim,
Poderei dizer:
Foi melhor viver assim,
Do que na solidão persistir,
Num canto de um violão,
Nele emitindo o som paixão,
Em vazio instrumento,
Nele, túmulo dos sentimentos,
Sombrio monumento,
Onde sepulto o amor canção.