CAUCASIANA (A MOÇA DA REDENÇÃO AO ACARAPE)

Moça caucasiana bonita,

De cabelos negros da índia,

Como tua face me irradia,

A brancura que esvanece do dia.

Mulher que espalha a beleza,

Rosa que some e espairece,

De tempos e em horas na prece,

Teu olhar nos endoidece.

O pecado dos teus seios,

O fascínio de toda maçã,

Que neste teu corpo tão nu,

Glorifica os apogeus do conto sul.

Moça que o coração me guarda,

Os sentimentos bons me assaltam,

Por você ser a brancura do orvalho,

Não quero ser mais um bardo?

Moça branca, brancura do fermento,

E eu não tão um bom tormento,

Me perco na massa virgem,

De sonhos com o cheiro ambrosíacos.

Moça branca da flor magnética,

Uma fragrância etérica, gaélica, sendo tu celestítica,

Feito ó tu uma linda boneca,

Que enfeitiça os poetas.

Moça branca que os desejos me elevam,

Por ser eu um rapaz avéstico,

Me perco nos seios védicos,

Em cantares Homéricos.

Moça branquinha,

Moça menina,

Moça de leite adocicado,

Tua beleza só pode ser uma cruel miragem.

Moça de brancura, moça tão muda,

Como sem ser você, por ter?

Um demônio mal e maníaco,

Fez destes versos uma parola fantasiosa.

Porque em você moça branca,

Feita a joia da aurifica aliança,

Se perde em inconstâncias,

Destruindo os sonhos afônicos.

Queira moça poética,

Feita de beleza antiga do tempo dos anjos,

Minguar um pouco de brilho,

Eu sendo mísero menino, por pavor afinco?

Queira doce rosa de luxurioso pesar,

Que nas vergonhas sem par,

Mergulho os olhares na mente a ti buscar,

Uma citação uma agonia em incitar-te.

Caucasiano é tua alma,

Que em dentes da tâmara do mel,

De sede sultanato burel,

Fez dos acodes as delicias dos meus sete céus.

Moça de boniteza feminina,

De brilho e gostoso feitio,

Fez desta flagrante poesia,

Minha alcova de súmulas Minervino arrimos.

Grandes seios que tem as formosuras,

De semente dourada que acalma enchentes,

Como não perceber-te por indecente,

Os favores lamuriantes do respirar arfante?

Moça branca das águas do paraíso,

Que feita não sem em mim, em si?

Busca nos etruscos a beleza do oriente,

Ser mulher é um milagre por orar flamem-te.

Moça branca de cabelos não sei,

Que por me afogar de trevas,

Busca na alma uma companhia,

Deixa tua carne nesta pura poesia.

Moça de brancura nobre,

Que por muito as trancas e os ferrolhos,

De entrar no teu místico castelo,

Eu sou um plebeu e sem o amor da plebe.

Moça branca de olhos escuros,

Que vasculha os infindos mundos,

Quanto de tua assimetria, por não ter a ousadia,

De ser, a minha idolatrada rainha.

Angélica moça branca,

Que desperta as adormecidas guerras,

Do atentado por um beijo celeste,

Acaba por tudo na vida apaziguar.

Moça caucasiana de maio,

Que por nunca gostar de abril,

As serestas de outubro rude,

Fez destas palavras um solstício tarde de novembro.

Moça de seios delicados de brancura,

Mãos macias que conhecem os dons das carícias,

Porquanto a tua meiga Hortência,

Faz-me o segredo do corpo arfar-me.

Brancos são teus dentes,

De pétalas que no jardim cai,

Cante os segredos de um adeus,

Que morre por não falar-me amor meu.

A paixão de tua voz,

O amor que haverá entre nós,

Você é minha proibida mulher,

De pobreza morro ó os sonhos meus.

Pobre do poeta que ti descreve,

Anjo de olhos castanhos alvos,

Por muito escrever me basto,

Pois morrer jovem é uma doce alegria.

Jovem moça branca, jovem Helena,

Que no meu reles historiar,

Se faço minha ditadura antiga,

Porque, sem ser por ti falar, estou a renunciar o lembrar.

Branca virgem de seios perfeitos,

Moça de acordes do alaúde,

Que sendo meu dedilhar arrisco-me uma poesia,

Pois tua beleza é das eras perdidas rabínicas.

Tua beleza em doce flor,

Tua beleza que sem nenhum dolo,

Faz das palavras um algo lindo e romântico,

Tem em nós a base das suaves alegrias.

Eu te amo toda vestida de azul,

E o teu meigo nu,

Não que haja pecado,

Mas te amar é um abandonar-se do que é sagrado.

Moça branca caucasiana de creme e avelã,

Pois por ser cara tua maçã,

Entre frutas de gosto afrodisíaco,

Eu sou um apaixonado e em ti carente.

Moça branca e dourada, desejada,

Moça branca e prateada, apreciada,

Quanto tenho falta de tua voz,

Por ser um poeta, sou um desgraçado.

Moça branca, moça que revivifica o mundo,

Tenho em ti o gosto do Sul,

Porquanto ser poema de minha falta,

Só me resta rogar a tua alma, me salva!

Moça branca santa do amor,

Por idolatria em tua semente,

Gerar-me a paz de em gozos predicar,

Os suaves absortos de ti tocar.

Moça de virgindade eterna,

Por ser tu uma anja poética,

És incansável os meus dias no agreste,

Cantem os mulos, salve a Bahia!

Moça de brancura do glacê,

Em desejos de muçulmana atrevida,

Perdoa o namorado cristão,

A ideia do bem dum bom ladrão.

Moça linda de pele branquinha,

Tu por ser uma arriscada menina,

De desejos não mais galante,

Em me perco nos afãs da inacreditável sangria.

Moça branca de face de uma ninfa,

Que faz destas arriscadas palavras,

Minha loucura de cem dias,

A rubricar tem nome num pandemônio dum adeus.

Moça branca de cabelos da noite,

De buscar a resposta em mim vacilante,

Não entendo que tua delicada belezinha,

Fez de mim um rapaz ninfeto, teu doce segredo.

Moça de brancura israelense,

De poética libanesa,

Foi buscar na Turquia,

O fascínio puro cearense.

Pois por amar a pele branca,

Pois por desejar a cor do zacônio,

Eu abraço os prazeres fonéticos,

De namorar a moça que eu tanto me apresto.

Adeus minha menina,

Adeus poesia, arredia, mau dia, sem nós dois,

Pois por amar o Brasil em brancura sertaneja,

Fez da flor do mandacaru a rosa vermelha meu urucu.

Quando o beijo eu ti beijar,

Por fantasmas a maldição do tempo acordar,

Não queira mais em mim se furtar,

O nosso pecado é o mais belo dos sonhos.

Moça de rosas que aflui aos céus,

Eu por não rogar um véu,

Teu rosto é mármore e anil,

Vinte e cinco beijos deste vario.

Moça de delicadeza do amor,

O sangue o vinho garboso,

Fez destas palavras um triste risco nodoso,

Pois por morrer neste teu corpo apenas meloso.

Que a solidão de tua brancura feminina,

De rebuscar um termo fútil de melindro,

Sou um homem a perecer em maio,

Ser moça branca é mergulhar num fogo acético.

Pois por morrer não te verei,

Porquanto desejar é ser malévolo,

Sou um homem não uma peste,

Sou a ilusão dos bons em sete.

Francesco Acácio
Enviado por Francesco Acácio em 25/05/2016
Reeditado em 05/02/2022
Código do texto: T5646557
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.