DIVINO
Ah! Vida, sobrevida, sobrevivência...
Teus portos são imensuráveis...
E eu teimoso sigo mais que censurável
Através das esquinas e das adjacências...
O fardo pode ser leve, mas teimosia pesa
E para quem não é alado, que usa dos pés
Pede mãos carinhosas em sutis cafunés
Para que seja sua mais segura e eficaz defesa...
Sou apenas vulto nas trilhas de longas estradas,
Carrego saudades embutidas em meu peito
E sei que da vida jamais fui sequer eleito
Para habitar e governar um seio de mulher amada...
Sigo entre as águas de formosa e gigantesca ilha
A pescar o alimento que me deixa longe da solidão,
Tampouco sei o que se passa dentro de um coração,
Pois o meu afogou-se dentre torvelinhos e armadilhas...
E a observar os voos das gaivotas em pleno ar
Espero ter em mim um dia o divino dom de voar!
DE Ivan de Oliveira Melo