Amor de Farrapo

Tu te enganaste

Quando, então julgaste,

A verdade do amor farrapo.

Como há de ser balela,

O sangue que ferve nas querelas

Em defesa de seus pagos e rincão?

Farrapo não admite partilha ou invasão

Tanto mais nas querências de seu coração.

Se arde em teu peito o amor farrapo,

Fiques à espreita da passagem

Do cavalo crioulo, forte e nervoso,

Montado pelo gaúcho garboso.

Te agarres a ele, saltando à garupa,

Sem discutir seus caminhos e rumos,

Sem vasculhar-lhe a vida com a lupa

Do ciúme traiçoeiro.

Te alojes em seu celeiro,

Entre arreios, laços e boleadeiras,

Aquieta, em ti, a mulher guerreira

E ama febrilmente.

Contenhas teus olhares e apenas,

Te entregues de forma plena

Incondicionalmente.