Confissão
De tantos caminhos que percorri
Dos lugares escuros que passei
E os cálices amargos que sorvi
Com tanta pressa de viver
Com tanta gana para vencer
Atropelei me numa enxovalhada
De equívocos e decepção.
Tantos abismos e precipícios
Dos quais me atirei
Na ilusão de que isso era liberdade
Que tanto engodo e rebeldia
Era autonomia.
A sanção foi alta
E não levou tanto tempo
Anos de aflição e solidão
Parada no meio da estrada
Dobrada com o peso de todas falacias
O meu ouro era de tolo
E o brilho era simples verniz.
Então cheguei aqui
Justamente nesse ponto
Esquecido de meu passado
De lembranças que acreditei
Carcomidas pelo tempo.
E você (re)surgiu
Com sua bagagem e com marcas dos anos
Anos de silêncio e esquecimento
E confidenciou suas batalhas, percas e vitórias.
Oposto de mim escolheu a trilha do meio
Foi vivendo cada dia
Por vezes com agruras.
Não desbravou muitos horizontes
Não sentiu se impelido para labirintos
Quieto ficou a esperar
Na certa que o rio por mais curvas e pedras
Sempre encontra um jeito de alcançar o mar.
Então eu cheguei
Com marcas e cicatrizes
Quase sem folego para prosseguir
E você deu me a mão
Abriu me um sorriso.
E eu incrédula com tal revelação
Meu paraíso estava na soleira de minha porta
E o tanto que eu andei
Cada passo e tropeço
Fez me chegar até essa ponte
Esse porto seguro que é seus braços.
Tantas águas turbulentas
E a maresia tão próxima
E entre beijos e carícias
A paz invade meu coração
O que foi que você viu em mim
E como pode esperar
Que eu crescesse e percebesse
Que o que tanto buscava
Com paixão desregradas
Podia ter vivido aqui
Nesse pedacinho de mundo
E o que eu posso dizer
Certo ou errado
Só sei que amo você!