Ah, Maria!
Contemplo-te, bela e serena,
doce flor dos meus dias,
única no jardim da minha existência
que graça a vida teria sem ti, Maria?
Os beija-flores não viriam namorar as flores
Os dias custariam a passar
Intermináveis inda mais seriam as noites
que martirizariam este meu amar!
Ah, amada minha!
Por que diabos um dia terás que partir?
Olho para ti adormecida em meu braços,
entrelaçada a mim, no seio do meu regaço
E por um momento, me descuido desse pensar
vou me esquecendo o quão breve somos efêmeros
até adormecer em ti como o sol no fim da tarde
que vai morrendo no horizonte,
anunciando a noite que atravessa a cidade...
Mas tão logo acordo da cena
enquanto tu ainda dormes, leve e serena
ao mesmo tempo em que me acalmas
minh'alma com isto se atormenta:
Ah, Maria!
Dói-me saber que um dia partirás
Mas a mesma morte que me incapacita
é também quem intensifica
por ti este meu amar!