Úmido de céu

Toda vez que te encontro

para me penitenciar

e ajoelho-me aos teus pés

para beijar o amor em ti,

devoto te percorro

em profana procissão

e comungo em tua boca

pra ascender ao paraíso.

Toda vez que te encontro,

toda vez,

por instantes me libertas

do efêmero destino,

da humana condição

e me levas ao infinito

e me elevas aos portais

onde os anjos exercitam

o amor pra levitar

e flutuam abraçados

em sutil eternidade.

Quando torno a ser metade

e percebo-me humano,

eu só sei de todo encanto

porque ainda sinto a pele

úmida de nuvem, trêmula de céu

e um perfume em minhas mãos

testemunha esse milagre...