despiciente desejo...
nasce inconsequentemente pensado
difuso desejo da carne
ainda que me sobrem palavras, presas no beiço
talvez como arte caia em desprezo
sangue que me ferve no peito!
fora de ti, um mundo
em ti não és nada, mas um tudo
no desejo, um pomar florido,
odor de fruta madura
vontade sem cura
rios, transportam folhas
secas de um ontem, auspicioso
e os morangos aquecem solitariamente
sob a gelada mesa de mármore
o desejo da carne que te consome!
não há letras, versos,
que aplaquem a miséria dos minutos
prendes olhar numa porta fechada,
trancada, na velada esperança
que o cheiro dos campos
inunde o quarto, -ou apenas o teu cheiro
doce, intenso, do suor escorrido
de um orgasmo desejado
na fresca agua da ribeira
que te molha os pés!
não há mistério,
apenas um desejo,
que seja o amor que te traga,
atravessando pontes e campos
flores no regaço, cavalos brancos
que no fim… suado digas sim
permanentemente permaneço
para sempre até um fim…