Abismo

Eu sofro de afeto preguiçoso

Eu me interesso por tudo que me cansa

Eu me apaixono por tudo que me machuca

Eu amo tudo que me destrói

Eu me puno em tudo que eu sinto

Em todo meu querer há uma chaga

Em todo meu afeto há magoa

E em que cada lagrima, ódio

Todo ato de amor é uma ofensa

Todo ódio é um carinho

Tudo que sinto é pelo avesso

Só se ama com desprezo

Ainda assim, sim não me negaria de qualquer forma;

Me sou no sentido de que não faço sentido

Nem toda lógica formal, ou todo tipo de teorema.

Nenhum estratagema, nada disso me castra

Um dia desses vou explodir sem pedir socorro

Sumo em minhas vísceras e nas minhas entranhas

Viro energia e simplesmente levo tudo que já senti

Eu jamais abdicaria do orgulho de não caber no mundo

Por isso mesmo sou humano e por isso belo.

Deadeye Poem
Enviado por Deadeye Poem em 11/05/2016
Reeditado em 11/05/2016
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