PEDIDO

Se me pedes para esquecer-te, digo que não posso!

Há uma força que suplanta as torrentes de um vulcão

Há uma onda que avassala muito mais que a ressaca do bravio mar

Há um embate que esmigalha o resistir do coração

Há um impossível impenitente, que é o de ti não vir pensar!

Se me pedes meu desamor, não te posso atender!

Há um renascer que somente as cinzas da paixão poderiam produzir

Há um odioso te esquecer que persiste desaguando nesse amar

Há um semblante subjugado nessas arenas, por querer não te sentir

Há este que semeia em demasia teu repelir, mas só colhe o teu buscar!

Se me pedes a outra possuir, digo que desistas!

Há braços que afagam, mas em vão, posto que de peito vazio

Há lábios que se acham, mas iludidos, posto que as almas se repelem

Há por umas e outras esse mero querer, mas por ti há um cio

Há quem fuja de ti e te ache nas demais – onde em ti elas se perdem!

Se me pedes tua morte em mim, digo que és eterna!

Há um sol por testemunha, um cúmplice luar do meu sincero tentar

Há uma forca incoerente, que sacrifica e pune meu persistente querer

Há um morrer condescendente que somente vida põe-se a gerar

Há um renascer em mim latente, quando de amor por ti me vejo a morrer!

E se me pedes que algo te peça: peço-te a mim!

Perdido em ti, que me devolvas o ser

Envolto na paixão, que me restituas o coração

Morto em solidão, que me soergas desse bucólico cair

E que por fim me devolvas a mim, dando-me definitivamente a ti!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 13/07/2007
Reeditado em 29/12/2011
Código do texto: T563194
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