DESCUIDADOS
Amamo-nos, sim,
e nos chovemos também.
E tanto;
mas tanto, tanto tanto
que era
como se não fosse
nos fazer falta uma
eterna ausência;
que era
como se jamais
fôssemos precisar novamente
de nossas palavras,
mesmo que sujas;
que era
como se já nos tivéssemos conhecido
com os olhos a arderem
de fumaça,
condenados a,
inexoravelmente, despejarmo-nos
sombras e lixos para nossos
secretos alívios.