Coração de Palha
Saindo do coma em um mundo queimado
Onde tudo parece frágil, talvez inventado
Tomando chá fraco e fumando um cigarro
Dançando na chuva e afundando no barro
Diga-me onde está o que não foi encontrado
Beijando meus lábios neste ritual desastrado
Esquecendo as mentiras e vivendo a verdade
Voando para bem longe da decadente cidade
Corra, corra por esse mundo feio e perdido
Diga algo bonito para então ser esquecido
Fale-me flor onde cresce seu precioso jardim
Onde as cores são vivas e a primavera sem fim
Você sabia, como sabia, que eu estava errado
Mas sequer viu as grades onde estava algemado
Correndo dos seus erros garoto você irá tropeçar
Escondendo seus medos garota você irá desabar
Esquecer é o mesmo que destruir o passado
Um dia quando finalmente tiver me enterrado
Eu irei acordar em um mundo triste e doente
Tentando sentir de novo algo bonito, talvez diferente
Atender o telefone você nunca se deu ao trabalho
Brincando comigo até tarde neste estúpido jogo de baralho
Enquanto a chuva cai densa e forte lá fora lavando a avenida
Lavando e levando tudo embora de sua alma podre e fedida.
Rastejando, engatinhando por entre as sujas trincheiras
Enquanto homens congelam longe de suas cálidas fogueiras
Mas todas as bombas continuam em minha cabeça cair
Destruindo, quebrando e fazendo meu pequeno mundo ruir
Mãe se você soubesse o que seu filho iria se tornar
Você ainda estenderia a mão e me ajudaria levantar?
Uma nova moda lançada aos decadentes
O que você faz está me deixando doente
Cantando uma música que não passa na TV
Chorando sozinha pelos dias que não me vê
Queime, queime, como queimavam os imortais
Amanhã iremos nos ver, não é nada demais
Diga olá a todos que te disseram adeus
Escale o Olimpo e roube os raios de Zeus.
Cores frias queimam em meu pobre coração
Azul, rosa, violeta e um tom de verde limão
Andando pelas ruas embriagado e sem rumo
Tentei pela noite te encontrar e fiquei sem prumo
E todos os poemas que li bêbado em bares e sarjetas
Foram dados a uma bela garçonete em forma de gorjeta
Enquanto as palavras dançam, cantam e desaparecem
Amam, choram, beijam, gritam e finalmente adormecem.