As mãos que tocam o lago
Quando tocas o lago,
As brumas acariciam a superfície d’água...
As mãos que tocam o lago
Desenham somente em sonhos
Diáfanos caminhos
Em minha pele,
As mãos que tocam o lago
Ensaiam acariciar meu rosto,
Mas são levadas pelo vento...
Os lábios que beijaram minhas mãos
Em seculares noites de outono,
Buscam tocar meus lábios,
Mas, em vão distraem-se
Com as gotas d’ água
De uma chuva que começa a cair...
E assim o destino brinca de esconde- esconde,
Enquanto o “Amor Menino” nos observa curioso,
E mais uma vez alinha as peças do tabuleiro de xadrez,
Que repousa, inquieto em meu coração.
Van Zimerman
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“...O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.”
Sermão do Mandato - Padre Antonio Vieira (1643)