O amor que tendo, nunca tive.
Você foi o amor que nunca tive, e não o tendo, o tive. É loucura imaginar, dois corações que se entrelaçam como as peças de um automóvel se achegam para realizar tal função. E nós não realizamos nada, nossos corpos são indissolúveis, nossas mentes, nossos corações, estão separados por uma rajada entre a dor, e o desamor. E você me olha com os seus olhos de comer fotografia, e o meu espirito salta pela boca e retornando aos céus juntos do próprio Deus, questiona a própria existência, questiona o próprio questionamento, questiona o porquê do "não nós" enquanto tantos dizem sim, o não repetitivo que salta dos teus olhos é a dor mais cruel que um homem poderia ouvir, você diz não para mim. E diz não para a vida. Põe ponto final, onde eu gostaria de por reticências, pontos de interrogação, não se pode desistir de quem se ama, assim como não se pode dar passos maiores que a própria perna. Mas como semear em um asfalto? Ora, o asfalto nada mais sabe ser do que concreto. E o coração é abstrato, as coisas do coração são complexas, são dialogáveis, e por vezes retóricas. O coração humano é sensível ao amor, porém por vezes é duro como a pedra que rola a esmagar os apaixonados, e quando essa pedra me esmagou cruelmente, quando nem as minhas próprias mãos me retiraram do abismo, um homem descendo as escadas, libertou-me com um sorriso, dizendo-me: coragem! E você irresistível me sorria, porque ao me ver inquieto percebia que eu ainda não tinha aprendido a amar, quiçá aprendi a andar com minhas próprias pernas, vez em quando entre tropeços eu vou levantando, sorrindo discretamente e retornando ao primeiro amor, o amor que não deveria ter abandonado e percebo que você é o amor que nunca tive. E te amo como nunca amei ninguém. E te dou sinais claros de algo mais profundo, mas você é rasa, queres nada, queres o riso afogado nas coisas fúteis, eu levo filosofia e você se leva, eu me dou e você se fecha. Abre esse coração se joga nos meus braços. Poderíamos até mesmo, escrever uma história, muito louca talvez. Eu te daria o mundo e os meus poucos fundos. Eu te daria o recanto das letras, o mundo das letras. Eu te faria nunca se sentir entendiada, mas você não quer nada. Você quer silêncio. Eu quero beijos. Você quer paz. Eu quero envolvimento, você quer solidão. Então sofra. Sofra para aprender a valorizar oportunidades. Mas viva, viva a descobrir a buscar na amizade a joia mais rara. Não se pode amar um inimigo, mas se pode desprezar um amigo e tu o fazes com perfeição, julgas e joga-me num abismo nada singular, esse meu amor substantivo, significa o que para ti senão palavras jogadas ao vento, esperando o lampejo das horas vagas que as carregam para longe de ti... Gostas tanto de ler, e não lês meus olhos, e se os lesses pularia em meus braços, e na prova mais fiel de amor, me amaria com amor de quem decide, dividir uma vida, corações entrelaçados, amor incessante, escaldante e singular. Amor quase divino, porém profano. Teu sorriso, tua voz. Você. Pode dar licença, esse coração tem dono, aprendeu a amar com as próprias ferramentas e limitações.