[ Calendário ]
Quem conta o tempo como eu conto, não olha ponteiros,
Não assobia os segundos, ou carrega ampulhetas.
Vive somente entre uma batida e outra
de seu próprio relógio que bate no peito.
No meu calendário não existe segunda, quando a saudade começa.
Não há terça-feira, quinta, dia santo ou feriado.
Pois quem tem paixão, também tem pressa.
Só há respiração se olha pra trás depois do adeus.
Se penso em ti, tropeço. Se não penso, paraliso.
Meu compasso obedece aos movimentos seus.
No meu calendário só há bissextos.
Um dia a mais pra te escrever poesia, .
Tantas palavras disputando os mesmos verbos,
Os mesmos sentidos, as mesmas verdades.