SAL E VIDA, SALIVA
Quis de frente, cara a cara
de igual para o espelho
quando quase no meu
o teu corpo já fosse eu.
Teu beijo é forte apelo
antes dele, sôfrego
te desejo inteiro.
Então me beija
e cala o que penso
inunda de silêncio
o tambor no peito.
É de beber na tua boca
que esqueço do mais,
esqueço que desejo é desordem
e encontro o silêncio e a paz
no teu abraço.
És diamante, faísca quando
apruma e me desenhas e
fazes do rascunho o melhor
esboço do que sou neste sonho.
Pulso no teu riso brilhante,
sou um risco no impenetrável da superfície.
O tanto molhado de sal e vida
inunda o mundo entre os teus braços.
Mergulho no rio do teu corpo
soergo adiamantado das águas,
homem renovado, novo homem.
Escorrem palavras sem ordem
de frente, cara a cara
é saliva de tua singularíssima pessoa.
São palavras sem ordem,
risco no impenetrável da superfície.
Antônio B.