Voo solo, acompanhado

Essa coisa de gente grande querendo colo,

como outras coisas, deve ter o seu porquê;

não que a vista me seja feia nesse voo solo,

porém, todo dia, a nave dos sonhos, decolo,

e o piloto automático sai, em busca de você...

E essa coisa de pele ardente, querendo calor,

não é mais do mesmo, dado que, até pareça;

outra “quentura” bem poderia fazer o favor,

só a tua, teria a magia estonteante do amor,

o que não pode ser, que com outra aconteça...

Essa certeza dúbia, que vai madurar a ameixa,

que a passa e massa caberão num panettone;

certeza, na hora de cortar os pulsos não deixa,

a dúvida, estraga o otimismo essa feia gueixa

quando insinua não crer que o Fado nos abone...

Eis a vida plasmada com a mais nítida imagem,

Que ainda fica aquém, mas, até que, aproxima;

Com as armas da inspiração, poesia vira pajem,

Desconheço um líquido, que remova tatuagem,

E recuso disfarçar tatuando uma outra por cima...