UM AMOR PURO LXXIV

… nenhuma palavra
lava a merda já despejada
na estrada,

nenhum silêncio,
por mais profundo, lava as luzes
impostas de outros
lugares;

são pedras
que ficam e sombras
que se estabelecem à frágil
alma:

e o pior de tudo
é pensar que um novo dia
sempre amanhece muito diferente
na mão de outro artífice
de palavras;

amar
exige mortes, enterros do que
supostamente possa
brilhar

– como um milagre a nunca
se realizar –

do ser
que é ser, e não o pode
por outros estar:

amar,
como dizia Bukoski, é se preparer
para, às delícias do mundo,
morrer.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 03/04/2016
Reeditado em 03/04/2016
Código do texto: T5593920
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