UM AMOR PURO LXVIII
... seres cegos,
todos cegos como eu,
chicoteando-nos
com luzes avessas às recíprocas
costas,
plantando
semente nos já pesados fardos
das memórias,
esculpindo,
de nós mesmos, desnecessárias
honras e glórias,
refrescando
as mãos, as línguas e as genitálias
em outros corpos,
amando-nos
mais, bem mais, do que ao ser
que dizemos amar;
ai de nós,
passados, antepassados e porvires
com suas imensurabilidades
brotados ao ego;
se não fosse
um Deus,
bom e benevolente,
que nos superasse em todos
os estágios.