A lua e eu no cerrado
É noite. Branca e misteriosa lua
No silêncio da feroz solidão reluz
Atraente e mística se põe nua
Nas sombras que o pesar produz
No sono uma parcela se uni
Outra como eu fica confidente
Olhar embalsamado por ali
Lacrimejando saudade latente
O cerrado, assim, o luar verte
Dele um ruído do árido vento
Minha quimera então inerte
Na melancolia e ao relento
(com a apertura flerte)
Debalde o luar ardente e sedutor
A tristura zomba a espera padece
O luar do cerrado vira um ouvidor
E no opaco retiro, a alma emudece
(num confessionário de amor...
a lua e eu no cerrado compadece).
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02/03/2016, 22'22" – Cerrado goiano