UM AMOR PURO XLII

... acordo-me,
o pé esquerdo falha,
logo ele com quem tanto me acostumei
ao primeiro pisar do dia;

às vezes,
ainda sinto um tesão
de urina desgraçado, que me prende
mais alguns minutos no banheiro
até que se passe;

a tinta da aquarela
vermelha não está em casa,
usaram-na para pintar outros jardins
por aí;

coloco uma música,
mudo, outra, e outra e vou mudando,
e todas rentratam a mesma
coisa:

meus medos,
minhas solidões,
minhas passadas combustões,
meus amores naufragados;

cansado
tento subir as escadas,
para chorar em meus poemas retardados,
lá fora, ainda caem cinzas
molhadas.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 02/04/2016
Código do texto: T5592609
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.