UM AMOR PURO XXXV
... estou
cansado de chuvas
e de invernos;
e não vejo
motivos para me medrar
logo agora na hora
breve:
tempestua muito,
mas mantenho o sonho de um tempo ameno,
mesmo que seja à eterna
cova;
por hora,
ainda tenho um pouco de tempo,
mas não quero me aborrecer
nem aborrecer a ninguém
com meu dias
cinzentos, com minha loucura
vadia ou com meus caminhos feitos
de espinhos disfarçados
de belas palavras;
eu só quero
um sonho azul na última tarde,
puro, se possível muito
puro,
como quando
as coisas do mundo, em criança, ainda
eram desconhecidas,
e mais nada.