UM AMOR PURO XXI
... vinte e dois
anos depois, de um amor
avassalador,
chuvoso,
loucamente enciumado,
extremamente possessivo da parte dele,
monstruoso, diria;
ao sair do banho,
de barba feita, ela lhe disse,
já sabendo que seu tempo de vida
lhe era agora
curto:
“Nossa, bonito!”;
“Bonito eu?,
Estás brincando comigo, né?,
respondi-lhe com um sorriso amarelo
e baixando a cabeça;
“Bonitão,
charmoso, te amo,
meu homem!”;
vinte e dois
anos depois de versos e avessos,
de voos e tropeços;
novamente
sorri amarelo, meio sem jeito;
e ela não sabe, mas chorei
sozinho no banheiro.