Resiliente

Valente resiliência do amor amassado,

Que sai de sob o peso, e todo, se refaz;

rigidez macia, da alma do conquistado,

que se recusa aceitar, a recusa do Fado,

esperança se cansa, mas, nunca, assaz...

Sabe do amor todo aquele que o acoite,

convicção adulta, numa entrega criança;

ainda lancinado, por seu cortante açoite,

desespero dura, quanto dura, uma noite,

na aurora, como sol, renasce, esperança...

Amor é o bem maior, até quando faz mal,

Sem jeito, muito mal feito, o seu mal, faz;

Pois, espera que enseja, acaba, medicinal

Ao nos focar nesse horizonte belo, ideal,

Armas da depressão, lentamente, desfaz...

Amo meu amor mesmo agora, tão longe,

E o que espero, não espero, finjo que sei;

Aliás, tem um quê sábio quem assim finge,

Se agora vivo a abstinência de um monge,

sei que me espera a fausta pompa de rei...