Ela e Ele
Ah se você soubesse...mais saber o quê?! Soubesse daquele amor que a vida havia implantado naquele coração cansado das vicissitudes, dos passos incertos, da alegria de momentos, da curva sinuosa da estrada, do ângulo isóscele que a obrigava tomar rumos diferente ao que ela ansiosamente aguardava, como se não tivesse mais tempo para nada...
Ah se você soubesse que, toda sua vida foi de sonhos, e que, ela sempre percorrera caminhos íngremes. Se você soubesse que nas histórias de amor em que ela sonhara, não havia dor, lágrima, ou qualquer outro sentimento que não fosse o de amar simplesmente, assim como a brisa suavizando um rosto triste, o mar limpando as pegadas na areia deixando-as limpas novamente, para outros transeuntes...
Ah se você soubesse enxergar somente o óbvio! Nem precisava ir tão longe, somente entender aquele coração que amou tudo que pode, que tentou tudo para continuar acreditando naquele amor, que pela primeira vez, ela chegou perto de acreditar em fábulas, sim elas eram possíveis! Ela ouvia isso todo dia em seu coração, mais bastou algumas noites de copiosas lágrimas para ela descobrir que, fraqueza e fracasso são coisas distintas das decisões, porque você é hoje, e ela é, TODO DIA...
Ah se você soubesse, o quanto ela compreendia que você como todo jovem queria a forma da definição do amor, e ela em sua maturidade já tinha a essência pronta. Adquirida através das frias noites, das lágrimas incontidas nas esquinas da solidão, ela compreendia que o seu amor era visual, enquanto o dela, era olfativo, sensorial, intricado, profundo, intenso. O que para você valia a quantidade, ela já detinha a bossa, a mestria, a habilidade, a destreza de ser quem ela quisesse, e mesmo assim, ela optou em deixa-lo livre para que você pudesse sonhar junto aos seus, compatíveis de tempo...
Ah se você soubesse, que na juventude não é, o que “vier tá valendo”, mais ela não quis ultrapassar seu tempo, pois enquanto tu ansiava pela fogueira acessa, do desejo acelerado, de um jovem coração imaturo, ela já detinha a chama que a aquecia lentamente...
Ah se você soubesse que, na maturidade as coisas já não são mais vistas da mesma forma de quando se é jovem, pois na maturidade se percebe que a forma não envolve conteúdo, e que mais vale uma noite inteira junto aos bons amigos jogando conversa fora, do que algumas horas fogosas, intensas, sem conversa alguma. Enquanto você ansiava a chegada, ela relembrava os caminhos que percorrera, com uma certa nostalgia, das pegadas carimbadas nas calçadas do tempo, desnuda do saciamento da sede, da busca, pois dessa seara, ela já é a substância, por ti desconhecida, ainda...
Ah se você soubesse, que hoje tu, com teus vinte e sete anos já passado, tu és agora mais maduro, e quando passares mais tempo ainda, tu vais compreender o que ela sempre disseste a ti, não que ela saiba mais, ah se ela pudesse, o fato é que antes de madura ser, ela também viveu essa juventude, esse afã de busca, dos anseios...
Ah se você soubesse, que ela anseia que a vida lhe faça uma linda surpresa, e os coloque no mesmo ponto de onde tudo começou, juventude e maturidade, Ela e Você, naquela festa estranha, com gente esquisita, literalmente, o oposto do que eram, ela te faria uma receita específica, para que tu pudesse viver tua vida de sonhos e ela de sua eterna nostalgia...
Ah se você soubesse, que para ela restou, a alegria do encontro, a felicidade da chegada e a certeza do adeus...