Anseio
Tá bom, eu disponho certo tempo, ainda
Mas, outro, tempo frio, veio falar de você;
Lembrar que a estão quente breve finda,
Uma vez que, do inverno, é certa a vinda,
Da sua, eu muitas vezes duvido, por quê?
Vai saber o que, por agora te dá na telha,
Se, tuas asas nem batem pelo meu ninho;
O Instinto lupino, que mire outra ovelha,
caso vieres, não serás cobertor de orelha,
serás antes disso, toda coberta de carinho...
A brasa do desejo sem vento vira carvão,
A brisa da tua voz podia soprar o ouvido;
Para dizer que é mero tempero, esse não,
Ou, que nem estavas muito lúcida então,
E eu sou o pão, para a fome de tua libido...
Esses desejos que erram faltando portos,
fatos rígidos, só os dias e noites, mudam;
seriam, sonhos, meros cultos aos mortos,
não sei; só se misturarmos nossos corpos,
poderemos ver, se nossas almas grudam...
Na minha há aderência suficiente para ti,
tudo que tenho é teu, me leve de brinde;
digo, te tragas, faças teu castelo por aqui,
que os do contra propaguem seu mimimi,
e, finde o anseio, antes que o amor finde...