Poema D'amor: pra não dizer que não falei dos cornos
Hoje a olhei deslumbrante no jardim
Quase tropecei enquanto corria para os teus braços
Assustada, gritou polícia, chamou-me de tarado
Arrastado por seguranças tentei em vão me explicar
Enxuguei as lágrimas no chão da calçada
Lembrava do seu rosto pávido e tenro
Dizendo que amava outro mais que a mim
E que em seus braços agora tinha alento
Via teu rosto angelical um lindo brilho
Enquanto na garrafa bebia cristalina
A quarta dose do consolo dos traídos
Chorava aos gritos a minha triste sina
Em desespero invoquei o tal diabo
Ofereci o que sobrou da minha alma
Em troca da amada arrependida
E do chifre esquecido e perdoado
Me mostrou então o diabo o tempo que viria
Onde estava a fina flor dos mais belos jardins?
Não era mais voz de veludo o que eu ouvia
e sim o estrondo queixoso da sua gritaria
Pro diabo então pedi misericórdia
Voltei pro presente agradecido
Um chifrudo entende o outro
Tomei minha última pinga
Aquele que ouviu esta moda
Não tome o chifre por sua sina
A vida é bonita mas é dolorida
Quem mais esconde os espinhos
É o que menos evita as feridas
A vida é uma roda d'agua
Que gira movida a mágoas