Poema D'amor: pra não dizer que não falei dos cornos

Hoje a olhei deslumbrante no jardim

Quase tropecei enquanto corria para os teus braços

Assustada, gritou polícia, chamou-me de tarado

Arrastado por seguranças tentei em vão me explicar

Enxuguei as lágrimas no chão da calçada

Lembrava do seu rosto pávido e tenro

Dizendo que amava outro mais que a mim

E que em seus braços agora tinha alento

Via teu rosto angelical um lindo brilho

Enquanto na garrafa bebia cristalina

A quarta dose do consolo dos traídos

Chorava aos gritos a minha triste sina

Em desespero invoquei o tal diabo

Ofereci o que sobrou da minha alma

Em troca da amada arrependida

E do chifre esquecido e perdoado

Me mostrou então o diabo o tempo que viria

Onde estava a fina flor dos mais belos jardins?

Não era mais voz de veludo o que eu ouvia

e sim o estrondo queixoso da sua gritaria

Pro diabo então pedi misericórdia

Voltei pro presente agradecido

Um chifrudo entende o outro

Tomei minha última pinga

Aquele que ouviu esta moda

Não tome o chifre por sua sina

A vida é bonita mas é dolorida

Quem mais esconde os espinhos

É o que menos evita as feridas

A vida é uma roda d'agua

Que gira movida a mágoas

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 23/03/2016
Código do texto: T5583157
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