Chamado as falas pelos sentimentos,
quero gritar a plenos pulmões
num grito pleno: Não! Não ao aborto!
Incorformado com as cousas deste tempo,
relembro momentos ternos,
que frente a frente com o vidro do berçário
esperava, em meio a sorrisos e prantos o meu rebento!
A sua frágil aparência,
trouxe em si tantas esperanças,
que ainda agora, anos e anos após, não se esgotou!
E a força de sua existência,
foi aquela que me sustentou as pernas,
na longa caminhada, pela estrada da vida afora!
Em muito esburacada!
Em muito apenas terra!
Em muito poeira!
Naquele momento de sua vinda,
minha vida não era um mar de rosas...
Mal tinha as roupas do corpo,
a casa não era minha...
E pelas frestas em suas paredes
vergava águas... Delas brotavam lesmas...
Naqueles dias, mal havia sido empregado,
e o salário mal sobrava para as fraldas...
Mesmo assim quis para mim aquele filho,
junto a mim abracei aquela alma!
E com calma, fui conquistando outros caminhos...
Com a benção de outros carinhos,
chegamos até aqui!
O rebento que não escolhera aquele momento
pra rebentar...
Hoje é homem feito, que traz dentro do peito
os seus próprios sonhos pra concretizar!
Se naquele tempo, houvesse abortado este filho,
teria matado o meu destino,
de aprender sobre o amor!
E realmente, finalmente, saber amar!
Se tivesse me acorvadado ante a labuta,
me esquivado das ferrenhas lutas,
pensado apenas em mim... Com orgulho e medo!
Como poderia me olhar no espelho?
Como notar o meu reflexo no olho das crianças...
Como poderia saber sobre esperança?
Como entender as palavras de Cristo?
Como viver com tanto remorso em minha alma,
e o seu peso oprimindo o meu peito?
Edvaldo Rosa
09/07/2007