sem título

PALAVRAS ternas.

Beijos ritmados em sonho.

Rock singers de terno.

Sonhos eternos na televisão.

- E os nomes são estrangeiros...

E assistimos quietos a tudo.

Você me fita com o seu olhar

E, juntos, olhamos a tela

E naturalizamos o amor comercial

Que dela sai –

Aquele amor de turistas na Europa.

E assistimos atônitos a tudo.

A colchonete é testemunha.

As vazias cervejas long-neck.

Revistas jogadas, livros de poesia...

E depois da luta quase involuntária

Entre nossos corpos

(Propositadamente parecido com o que vimos na TV)

Corpos exaustos.

Madrugada.

Na tela, estática.

Estática iluminando a sala escura:

Efeito poltergeist.

Corpos despojados por sobre a colchonete.

A colchonete.

As long-necks.

A estática.

E, ainda na madrugada, palavras ternas.

Luciano Fortunato
Enviado por Luciano Fortunato em 09/07/2007
Código do texto: T557882