Amar Faz Sentido
É engraçado chamar de ponte essa pinguela,
Se bem que, de anões são menores as casas;
E fico tão pequenino assim, se, alienado dela,
Que subo um banquinho pra espiar na janela,
E vejo vulcão, num reles montículo de brasas...
Esperança esforça o rosto querendo soar bela,
Mas, sua beleza co’a mão do tempo logo vaza;
O refúgio, que seria acalanto parece uma cela,
Amor próprio, bundão, com pouca força apela,
Diz um chiste: Não adianta, relógio que atrasa...
O motivo que atrai, ou, empurra, até se revela,
Mas, por dentro, não ante telescópio da NASA;
Aos outros achegos espúrios o coração congela,
Mas, tanto mariposas fortuitas orbitam à vela,
Que uma hora acabam chamuscando as asas...
Palavra, não desejo minha sopa em outra tigela,
Não obstante ter muita louça por perto de casa;
não estaciono o carro ao aceno de outra flanela,
coisas que pra o alienado soam frescura singela,
ficam cheias de sentido, se é amor que embasa...