Duas dores
Fechei os olhos, entorpecida pela dor
Caída sangrando, com os pulsos e pernas abertos em feridas incuráveis
As laminas em minhas mãos me acusavam da brutalidade
E fatalmente caí em desespero, aguardando apenas o beijo da morte
Porém senti suas mãos fortes apertando me
Segurando em suas palmas, meus pulsos machucados
Fechando os cortes e estancando o sangue
Aos poucos senti a dor reduzida
E os tornozelos inteiros outra vez
Seus olhos me indicaram uma direção
E aos poucos senti meu corpo fortalecido
Renovado
Fui criando forças, conforme me erguia
Me guiava
E agora, aqui estamos, apoiados um no outro
Dois seres machucados, com cicatrizes do passado
Nossas dores se completaram
Os dois sofreram sem medir
OS dois sangraram, os dois morreram
E agora renascidos, juntos nos curamos
Nos apoiamos
Nos amamos.