Eterna espera

Quero que saibas que não fui destinado

Não fui destilado ou jorrado

Para aquele amor que todos têm

Sou sem ninguém mesmo, não consigo ser

Não consigo ter, mesmo sem ninguém

E de ninguém ei de ser!

Sempre com velas sobre minhas dúvidas pérfidas

Dilacero tudo deveras como feras

Cultuo ainda flores de passadas primaveras

Tão certo como meus olhos turvos

Tão turvo como meus olhos certos

Ainda mulheres devaneiam

Como dramas na areia deserta, escalo montes

E nos meus contos, aqueles livros, certos líricos, belos lírios

Meu robusto rosto transborda trevas

Como a estrela mais brilhante da esfera

Aglomeram-se a mim, me maquiam, em mim não se deixas, passam

E ainda incendeio as melhores festas

Devido ao som que propago na atmosfera

Delirando como pérolas, dilatando como presas

Minhas cores não pintam as transparências

Traço Sóis e Luas, a sós em minha vista crua

Visto-me com a realidade mais velha

Ainda espero o amor sentado na mesma pedra

Não vim para amar e ser feliz;

Sou um Mar, sou poeta...

Kaio Supras
Enviado por Kaio Supras em 15/03/2016
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