Eterna espera
Quero que saibas que não fui destinado
Não fui destilado ou jorrado
Para aquele amor que todos têm
Sou sem ninguém mesmo, não consigo ser
Não consigo ter, mesmo sem ninguém
E de ninguém ei de ser!
Sempre com velas sobre minhas dúvidas pérfidas
Dilacero tudo deveras como feras
Cultuo ainda flores de passadas primaveras
Tão certo como meus olhos turvos
Tão turvo como meus olhos certos
Ainda mulheres devaneiam
Como dramas na areia deserta, escalo montes
E nos meus contos, aqueles livros, certos líricos, belos lírios
Meu robusto rosto transborda trevas
Como a estrela mais brilhante da esfera
Aglomeram-se a mim, me maquiam, em mim não se deixas, passam
E ainda incendeio as melhores festas
Devido ao som que propago na atmosfera
Delirando como pérolas, dilatando como presas
Minhas cores não pintam as transparências
Traço Sóis e Luas, a sós em minha vista crua
Visto-me com a realidade mais velha
Ainda espero o amor sentado na mesma pedra
Não vim para amar e ser feliz;
Sou um Mar, sou poeta...