MARGINAL sem CRIME

Confesso que nada tenho a confessar, o simples

ato confesso em si é a afirmação do não-dizer.

Confesso portanto o inconfessável,

e confessando o imponderado

torno-me facínora de um crime sem pena,

hediondo como o marginal sem crime,

pois não há lei anterior e nem idéia

do que delito é ou não.

Confesso e repito, o que confidências

secretas não ousam dizer,

que se o desejo é crime, mil vezes

sairei pelas ruas acorrentado, lobo

uivando o corpo cobiçado da fêmea, olhos em chama,

sexo em delírio e os dentes cravados no céu