Beija-Flor
Um dia encontrei um beija-flor.
Ele batia suas asas freneticamente
E eu imaginava
O quanto desse mágico licor
O passarinho necessitava
Para embriagar-se e seguir, forte,
Na sua jornada.
Então perguntei ao mundo, em voz alta:
- Belo beija-flor,
Quanto tempo tu passas,
Sem ter que tomar as águas,
Saborosas,
Dessas flores?
Não esperava resposta,
Mas uma voz me falou:
- Caro poeta,
Numa viagem longa
Em cada pomar,
Eu paro, e bebo-as, todas,
Para recuperar minhas forças;
E depois eu sigo adiante,
Livre, em busca sempre do horizonte.
Terminou;
E sem despedir-se,
Voou.
Sentindo a brisa de fim de tarde
Soprando no meu semblante,
E o sol se pondo,
Lá distante,
Eu serei igual ao beija-flor.
Na minha jornada,
Beberei meu vinho,
E meu licor;
Pois na minha embriaguez, também,
Recuperarei as forças,
Sentindo o teu calor.
- bebê-los-ei!
até, finalmente,
beijar-te, meu amor -
Pois o passarinho que sou
É do tipo que só tem
Uma única flor.