Uma Lágrima

Uma Lágrima

Sentado em meu canto preferido

fui visitado por uma lágrima solitária.

Formou-se no olho esquerdo e lá ficou

algum tempo sem deslizar por minha face.

Ia de um canto para o outro sem cair.

O tempo foi passando e enevoando minha mente em lembranças recentes.

Não queria lembrar, mas elas viam, desfilavam zombando e rindo de mim.

Até o velho salseiro parecia feliz com aquela situação. O vento açoitavas seus galhos espichados quase encostados ao chão.

Eles assobiavam rindo de mim.

Pois ali mesmo, junto dele namoramos varias vezes, entre juras e planos mirabolantes na construção da casa e de quantos filhos teríamos.

A lua, essa nem mais sai de trás das nuvens. Esta envergonhada pelo abandono, pela solidão, pela tristeza do jardim de nossa casa.

Somente o vazio ficou.

Mansamente agora ela escorre em meu rosto

num brilho fúlgido e límpido.

Ao longe, as nuvens carregadas anunciam

mudança de tempo, enxugo a lágrima e

volto a realidade.

Paulo Mello

28.06.07

Paulo Mello
Enviado por Paulo Mello em 08/07/2007
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