Estou feliz!!! E agora?!?!?!

Pensativo no carro enquanto eu vinha para a escola

Notei que havia qualquer coisa de diferente comigo,

O céu não tinha mais a mesma cor de outrora

E encontrar a infelicidade em mim me pareceu difícil.

Foi estranho, estou dizendo, sentir essa coisa,

Descobrir que era infeliz por mera inércia humana,

Não sei se o que sinto agora me avança ou me atrasa,

Mas o que sinto eu não troco. Minha felicidade humana.

Os vermelhos de sangue agora são vermelhos de amor,

O futuro temeroso agora é um vale cheio de cores,

Miséria, problemas, nada disso mais me causa dor,

Devo ter ficado egoísta, tornado-me um dos piores,

Mas céus, eu não ligo. Estou infectado pelo amor.

Agora o problema, como lidar com essa situação?

Mais uma anormalidade, um vidro intransponível,

Grita sem parar aos murros e batimentos, coração,

Termos uma vida eu e ela, será isso possível?

Temo não fazer o que eu preciso fazer!

Temo não dizer o que eu preciso dizer!

Temo não ser o que eu preciso ser!

Temo não agir como eu preciso agir!

Temo não sorrir como eu preciso sorrir!

Temo não cuidar como eu preciso cuidar! o

Temo não encantar como eu preciso encantar!

Temo. Temo! Temo! Seriamente!

Temo não causar o que quero causar em ti,

Temo não deixar claro o que eu sinto aqui em mim.

São tantos temores, tantos medos algozes,

Tanta timidez que me deixa no estado que vê,

E ao mesmo tempo disso, sabe o que dizem as vozes?

As vozes me dizem que apenas não temo você.

Como se fosse um remédio que me desse superpoderes,

Mas ao troco disso me tornasse dependente de uma droga,

Você é simplesmente a única entre todas as mulheres

Que agora eu preciso. De outras me proíbo. Eu te necessito. Agora, agora...

E minha poesia? O que foi que houve com ela?

Incapaz de escrever sobre qualquer coisa além dela.

Ainda pior do que um poeta viciado em metalinguagem

É um poeta viciado em falar como o amor é uma viagem...

Ah, viagem. Ah, viagem. Agora já não consigo falar de humanidade.

Quem serão os críticos ao notar isso algum dia?

Aos meus fãs (a meia dúzia), dou de presente a facilitação duma biografia.

Escrevam aí, página do março de dois mil e dezesseis,

- De amar alguém enfim chegou a sua vez.

Escrevam também que ele não é tão burro assim,

- Ele disse "Temo o dia quando ela desamar a mim."

É um reboliço de sentimentos dentro do peito

Que todo o mundo conhece e ninguém explica,

Sou mais um poeta procurando tornar explícita

Uma coisa que por natureza é sempre implícita...

Para mim é medo. Muito medo. Felicidade.

Consciência de inocência embriagada por um beijo.

Ter-te ao meu lado é simplesmente o que mais desejo,

Mas sinto como se fosse cair aos seus pés, é verdade

Suplicando aos prantos indignos de um homem,

"Não me deixes! Não me deixes! Eu lhe rogo, não em deixes!"

Razão? Nenhuma. Mera implacável insegurança!

Um trauma de infância que hoje me faz muito menos homem.

Diz como gosta de mim, tenta me dar esperança,

Então me leve ao psiquiatra por precisar isso de novo

e de novo. De novo e de novo. Todos os dias.

Sou eu digno então dessa felicidade constante?

Sou eu digno pensar em ti a todo instante?

Temo, temo e temo perder-te de verdade,

De verdade, eu temo. De verdade. De verdade.

Pergunto-me se isso me torna digno do seu amor.

Digno de sofrer por ti. Digno de me apaixonar por ti.

Digno de me casar contigo. Digno de ter um sorriso comigo.

7/6/2016